sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uma história de números


Tudo começou quando o símbolo de infinito - uma espécie de oito deitado - começou a mexer-se. Tanto gesticulou que acabou por se pôr de pé. Quando tal aconteceu sentiu-se diferente, sentiu-se outro. E estava de facto mais redondo, mais composto. Decidiu, por isso, tomar uma nova identidade. Passou a chamar-se oito. Mas sentia-se tremendamente só.
Copiando a capacidade de certos animais de se replicarem, imitou-os. Porém, a réplica teve algumas falhas e em lugar de outro oito nasceu um elemento a que chamou três, que lhe era em tudo igual, mas com interrupções no fecho das bolinhas que constituíam o seu corpo.
Mas o oito não ficou, claro, satisfeito com o resultado e resolveu repetir a façanha. Igualmente incompleta, a réplica configurou mais um número. Desta feita chamaram-lhe seis, cuja bola inferior estava bem, mas a superior, na vertical, apareceu reduzida a metade.
O seis era um número agitado e que preocupava bastante a família numérica em que nascera. Um dia brincou demasiado, deu uma cambalhota e voltou-se ao contrário. Foi, então, que libertário, se passou a chamar nove.
O clã ia aumentando e o oito estava a ficar velho. Por isso, disse ao três que era a sua vez de contribuir para o aumento do agregado. Enquanto primeiro filho e cumpridor, resolveu inovar. Juntou-se ao nove e trabalharam, com prazer, para o objectivo comum. Nasceu um belo espécimen, muito pequeno e roliço a que deram o nome de zero.
A partir daí aquele grupo sentiu que adquirira a possibilidade de se ligar entre si, como entendesse. Era toda uma nova filosofia de vida, que os mais novos trouxeram consigo... Era a liberdade sexual!
E se assim pensaram melhor o fizeram. Talvez de modo excessivo, porque se ligaram sem controle. E, de uma relação acidental entre o nove e o três nasceram logo dois gémeos que, não sendo embora unicelulares, eram bastante parecidos. Chamaram-lhes sete e quatro.
Estes, na altura devida geraram vida e criaram o um que, francamente, era uma boa mistura dos pais.
Porém, quando tudo apontava para que a família estivesse completa, o três - que era sentimentalmente bastante problemático - resolveu envolver-se com o sete dando, afinal, vida ao número cinco.
Este agregado viveu tempos tranquilos, até que ideias vindas de fora, lhes deram conhecimento de que o mundo inicial dos números tinha ainda múltiplas possibilidades a explorar para criar novas famílias.
Com efeito, os números não tinham que viver sempre sozinhos. Cada um deles tinha um imenso futuro à frente, arranjando-se de modos diversos.
Foi desta nova maneira de encarar a existência, que viriam a nascer outras famílias numéricas cuja variedade nunca mais teve limites...

Helena

Sem comentários:

Enviar um comentário