sábado, 11 de agosto de 2012

Também acontece



Eram cinco irmãos tão diferentes como os dedos da sua mão. Era isto que Olímpia dizia  quando se referia aos filhos.
A primeira, Adozinda, fora fruto de um parto complicado e vira sempre a sua vida como a consequência directa desse facto. O segundo, Francisco de seu nome, havia de ser o contrário. Parto fácil e rápido tornaram-no um rapaz despachado, alegre e com gosto pela vida. A terceira, Floripes, viu a luz do dia antes de tempo e, quem sabe, por causa disso, fora sempre frágil e assustadiça, como que a pedir desculpa ao mundo por se ter adiantado. O quarto, Adriano, era um rapagão que ia pondo a vida da mãe em risco mal soltou o primeiro gemido. Havia de continuar, vida fora a inquieta-la porque escolhera o boxe como carreira e nunca se sabia em que estado voltava para casa. A última, Felismina  já nascida fora de tempo, foi contudo aquela que menos trabalhos deu. Era uma criança risonha e feliz.
Todos eles tinham paternidade diversificada. Mas isso não impediu que surgisse o sétimo elemento desta família, o Gervásio, que se apaixonara por esta mãe de família e, para a ter consigo, acabou levando o pacote todo, ou seja o clã completo, que acabaria por ajudar a criar.
Os anos passaram, a Olímpia já não era nova, e os tempos haviam-na ensinado a ser egoísta  Assim, cansada de ser mãe a tempo inteiro, quando chegou a altura decidiu juntar-se, de novo, ao pai da última filha, deixando contudo a Gervásio, os filhos que ele ajudara a criar.
E este não só aceitou a incumbência como exigiu dar-lhes um nome, que eles não tinham. O quinteto perdeu a mãe biológica, mas ganhou um pai adoptivo. Ainda há histórias de homens bons que casam com mulheres egoístas e que têm finais felizes...

Helena

1 comentário: